Especial Armazenamento: GoodWe aposta em soluções híbridas e no agronegócio

GoodWe aposta no crescimento do armazenamento de energia no Brasil

Com uma década de experiência em soluções híbridas e um portfólio que abrange desde aplicações residenciais até projetos de grande escala, a fabricante chinesa GoodWe está apostando forte no crescimento do mercado de armazenamento de energia no Brasil. Em entrevista à pv magazine para o especial de armazenamento, o diretor de vendas da empresa no país, Thiago Guimarães, detalhou a estratégia, a estrutura de produção, os produtos e as perspectivas da companhia para atender à crescente demanda local.

Fundada em 2010, a GoodWe é um fabricante 100% focado no mercado fotovoltaico. Além de inversores solares e baterias de armazenamento, o portfólio inclui soluções de Building Integrated Photovoltaics (BIPV), com destaque para aplicações em fachadas de edifícios. “A empresa se destaca por ser a primeira fabricante chinesa a lançar um inversor híbrido em 2014. Nossa solução é super madura para esse mercado”, afirma Guimarães.

O diretor de vendas da Goodwe, Thiago Guimarães.

Capacidade de produção e foco no Brasil

A produção de baterias da GoodWe acontece na China, com uma capacidade anual de 2 gigawatts-hora (GWh). No Brasil, a empresa aposta em um crescimento acelerado, principalmente nos segmentos de comércio e indústria (C&I) e no agronegócio. “O mercado de agronegócio é muito importante no Brasil e tem uma grande necessidade de energia confiável. Nossa solução consegue atender a essa necessidade, por isso acreditamos que o mercado vai crescer muito daqui para frente”, diz o executivo.

Além de atender clientes residenciais e pequenas indústrias, a GoodWe também mira grandes projetos, com soluções de backup de até 1 megawatt (MW) de potência instantânea, com conformação de rede do lado do backup.

Tecnologias e produção

Toda a linha de baterias da GoodWe é baseada em tecnologia de lítio. A empresa compra as células no mercado global e realiza internamente a montagem das baterias. O portfólio inclui:

• Inversores híbridos monofásicos de até 6 kW, com previsão de lançamento de uma linha split phase que permitirá seleção de tensão de backup (110V ou 220V) e potências de até 10-12 kW.

• Inversores híbridos trifásicos de 20 a 100 kW.

• Baterias de alta tensão modularizadas em torre com a tecnologia Lynx F.

• Baterias de grande capacidade, como a de 112 kWh, que pode ser paralelada até quatro vezes.

• Bateria Lynx C, com capacidade de 9,2 kWh, podendo chegar a 460 kWh ao combinar três gabinetes.

  
  

“Esses produtos atendem a diversas necessidades, desde sistemas residenciais até aplicações comerciais e industriais que exigem maior capacidade de armazenamento de energia”, explica Guimarães.

Modelo de negócios e cadeia de fornecimento

A estrutura de atuação da GoodWe no Brasil envolve distribuidores, integradores e parceiros de Energy as a Service (EaaS). A empresa comercializa as baterias por meio de distribuidores, que definem preços e repassam os equipamentos a integradores para instalação em projetos residenciais e de pequenas indústrias.

Para o agronegócio e grandes projetos, a GoodWe trabalha com parceiros que oferecem o modelo EaaS. “Podemos envolver integradores para montagem e EPC ou o próprio parceiro pode realizar esses serviços”, detalha Guimarães. A empresa também mantém um embaixador da marca que visita clientes, especialmente fazendas, para levantar demandas diretamente no campo.

Diferenciais das soluções híbridas

O inversor híbrido da GoodWe trabalha com acoplamento DC, o que permite carregar as baterias com energia excedente do sistema fotovoltaico com menores perdas. “Isso permite que a bateria alimente o sistema com menos perdas. Além disso, o inversor híbrido permite operar com diferentes modos, como controle de demanda, arbitragem de energia e injeção de reativo na rede, diminuindo multas para os clientes”, explica Guimarães.

Outro ponto ressaltado é a saída de backup dos inversores híbridos, que garante fornecimento de energia durante interrupções. “Diferente das soluções com PCS (Power Conversion System), que têm um acoplamento AC e geram mais perdas de energia devido às conversões adicionais, nossa solução é mais eficiente e econômica para os clientes.”

Energy as a Service e novas oportunidades

A GoodWe já está presente em projetos que utilizam o modelo Energy as a Service no Brasil, por meio de parceiros. “Trabalhamos com parceiros aqui no Brasil que já aplicam essa solução em seus projetos”, confirma Guimarães.

Entre os principais drivers para a adoção de sistemas de armazenamento, o executivo destaca a confiabilidade do fornecimento de energia. “Os consumidores querem ter certeza de que não terão problemas com o fornecimento de energia”, afirma. A redução de custos com energia, especialmente em setores onde o insumo é um dos cinco maiores custos operacionais, também é um fator de decisão.

Além do foco no agronegócio e no mercado residencial, a GoodWe vê oportunidades em segmentos como: setor hospitalar, onde a estabilidade da energia é crítica; indústrias com processos de produção contínua; data centers, que exigem fornecimento ininterrupto; e hotéis e outros segmentos do setor terciário. “Praticamente qualquer setor que demande energia pode ser um cliente potencial para sistemas de armazenamento de energia”, finaliza Guimarães.